Santa Catarina tem o maior número de flagrantes de embriaguez ao volante do Brasil

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Em 2019, já foram 6.044 casos registrados nas rodovias federais e estaduais do Estado, quantidade 63% maior que no mesmo período do ano passado

Menos de uma hora. A cada 56 minutos, um motorista foi flagrado dirigindo bêbado em alguma rodovia de Santa Catarina em 2019. O número, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), é o maior para os primeiros oito meses do ano desde o início da Lei Seca, em 2008, e já supera em 63% o volume de autuações por embriaguez ao volante nas rodovias que cortam o Estado no mesmo período do ano passado.

Já foram 6.044 casos registrados em BRs ou SCs durante operações como a da PRF no último fim de semana, que em três dias flagrou 371 motoristas alcoolizados — um recorde da corporação no Estado.

Santa Catarina ocupa atualmente o posto de Estado brasileiro que mais registrou motoristas bêbados em rodovias federais nos últimos dois anos, superando regiões muito maiores e mais populosas, como São Paulo e Minas Gerais. O número atual de 2019 em SC já é o dobro do registrado no Paraná, por exemplo. Além disso, os mais de 5 mil flagrantes em 2018 representam o maior dado já registrado pela PRF no Brasil inteiro desde o início da Lei Seca, em 2008.

Para o chefe da comunicação da PRF em Santa Catarina, Luiz Graziano, os dados não apontam que o Estado possui mais motoristas que bebem e dirigem, mas sim que a fiscalização aqui é mais frequente.

— Como SC é um dos Estados com mais acidentes nas rodovias, estudamos as coisas e priorizamos a fiscalização de alcoolemia. Então a fiscalização é focada na embriaguez, é uma prioridade do comando. O foco segue no fim de semana e na madrugada, indiscutivelmente, mas hoje observamos que se tiver operação na segunda, terça, quarta, quinta, sempre vai pegar algum motorista, coisa que antigamente não existia.

Nacionalmente, os dados da PRF apontam um crescimento no número de motoristas flagrados nos últimos anos, mas uma leve queda na quantia de acidentes causados pela mistura de álcool e direção. O efeito mostra um cenário de mais fiscalização e leis mais duras, mas que ainda não reflete em menos pessoas dirigindo alcoolizadas nas rodovias brasileiras e catarinenses.

Histórias interrompidas
As estatísticas trazem com elas histórias de pessoas afetadas pelo crime de trânsito. São casos emblemáticos, como o do acidente que matou Amanda Grabner Zimmermann, 18, e Suelen Hedler, 21, na BR-470 em Gaspar, no Vale do Itajaí. O carro em que elas estavam foi atingido por um veículo Jaguar conduzido por um motorista embriagado no dia 23 de fevereiro, um sábado que, seis meses depois, ainda não foi superado pelos familiares.

— A ficha ainda não caiu. Parece que a qualquer momento ela ligará ou entrará pela porta. Desde aquele dia 23 nós somente estamos sobrevivendo. A saudade dói muito — lamenta Elizabete Grabner, tia e madrinha de Amanda.

O motorista do Jaguar, Evanio Prestini, ficou preso por cinco meses, e agora aguarda o processo que julga o acidente em liberdade. A família das vítimas acompanha o processo de perto e luta por mais conscientização para que a situação não se repita:

— O aprendizado deve servir para todos: álcool e direção não combinam. Muitos só se darão conta disso quando estiverem velando seu ente querido no caixão — completa Elizabete.

Atropelado por um motorista que, segundo o inquérito da polícia estava embriagado, Manoel Pereira Costa, 25, escapou da morte. Ele estava às margens da BR-470, em Blumenau, indo para o trabalho no dia 10 de dezembro do ano passado, quando um carro atingiu ele e o colega José Marcondes Moreira, 26.

José morreu no dia e Manoel ficou dois meses na UTI. Quase 10 meses depois, ele voltou para São Luís (MA), aonde mora com a irmã, e faz fisioterapia e reabilitação todos os dias, para tentar voltar a andar.

— O que eu passei e ainda passo com o meu irmão eu não desejo para ninguém. Quem bebe e dirige deveria pensar duas vezes, ter mais consciência do que pode fazer com a vida de alguém — diz a irmã de Manoel, Ana Pereira, que largou o emprego para acompanhá-lo no processo de reabilitação após o atropelamento.

BRs 101 e 470 lideram flagrantes
A rodovia em que Amanda e Suelen morreram é a segunda onde mais motoristas foram flagrados bêbados pela PRF em 2018 em Santa Catarina. Ao todo, foram 884 autuações por embriaguez ao volante registradas na BR-470, que perde apenas para a BR-101, que teve 2.671 casos no Estado no ano passado.

Um mergulho no banco de dados de multas da PRF mostra um perfil dos casos de álcool e direção nas rodovias federais em SC. Sexta, sábado e domingo são os dias com o maior volume de ocorrências, sendo que a maioria ocorre entre 22h e 1h. A maioria (83%) dos motoristas flagrados conduzia carros de passeio ou motos, mas 11% estavam em caminhões ou outros veículos grandes.

Nos 5.241 flagrantes de embriaguez ao volante registrados pela PRF nas rodovias federais de SC no ano passado, em 70% das vezes o motorista se recusou a fazer o teste do bafômetro. A multa e as penalidades vieram do mesmo jeito, de acordo com a legislação.

Dos outros 1.588 que sopraram o bafômetro e tiveram resultado positivo, 386 motoristas tiveram o resultado igual ou acima de 0,34 mg/L, o que faz o caso cruzar a linha da infração de trânsito para o crime, podendo levar o condutor à prisão.

fonte: https://www.nsctotal.com.br/noticias/policia-encontra-crianca-de-sete-anos-abandonada-em-casa-em-jaragua-do-sul

Alexandre Feijó
Alexandre Feijó
CONSULTOR DE TRÂNSITO Experiência de mais de 12 anos no ramo. Bacharel em Administração e Gestão em Trânsito pela UNIVALI/SC, Bacharel em Direito pela UNIBAN/SC, atua na área do Direito de Trânsito (recurso administrativo contra suspensão e cassação do direito de dirigir, infrações de trânsito em geral).

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